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O Triângulo Perfeito

A vida de uma família perfeitamente normal

O Triângulo Perfeito

A vida de uma família perfeitamente normal

Sex | 06.09.19

Uma situação embaraçosa... (que deu o mote para um lição)

Ana

Ontem à tarde fui buscar o Vasco e o Xavier ao infantário e como ainda era relativamente cedo, fomos todos comer um gelado ao café mais próximo.

Estávamos já sentados na esplanada do café quando, sem que nada o fizesse prever, o Vasco começou a arregalar muito os olhos.
Com ar surpreso, apontava para uma mesa que estava atrás de mim, dizendo em voz alta:

- Preto!! Mamã, olha! Olha uma pessoa preta! Está toda pretinha!! Fez muita praia?

Comecei a virar os olhos para a mesa de trás, na esperança que o Vasco estivesse a referir-se à cor da roupa do senhor, mas... não. Estava mesmo a falar do tom de pele....

E ali estava um senhor, que era de facto negro, com um ar muito calmo e aparentemente absorto. A tomar o seu café descansado.
Não sei se o senhor estava mesmo distraído ou apenas a fingir que não ouvia o Vasco. Prefiro acreditar na primeira opção porque a situação era muito embaraçosa.

Comecei a dizer ao Vasco para este não apontar assim para as pessoas, e muito menos se falar do tom de pele.

- Mas por que é que não posso dizer que ele está moreno? É que está mesmo preto. Preto!!!!

(e ia aumentando o tom de voz, a modos que no café já toda a gente o ouvia).

A dada altura, percebi que não era ali, nem naquele momento que ia conseguir ter sucesso com a minha lição de moral.
Por isso desviei-lhe a atenção para outras coisas, devorei rapidamente o meu gelado e saímos o mais rapidamente do café.

Ainda olhei de soslaio para o senhor da mesa atrás, para lhe pedir desculpa pela situação, mas este continuava distraído a ler o jornal, como se nada se tivesse passado. Por isso achei que não valia a pena insistir.

Assim que chegámos ao carro, expliquei ao Vasco que há pessoas com cores de pele diferentes e que isso não tem nada a ver com a praia ou com estarem morenas.
Disse-lhe ainda que ele não devia apontar, nem gritar, nem mencionar o tom de pele dos outros.

- Imagina que ias para África onde toda a gente tem pele escura. Gostavas que de repente, no meio da rua, as pessoas começassem a olhar para ti e a gritar:
"Branco! Branco!! Olha um menino branco!"

- Não...Não gostava...

- Pois não. Isso seria muito embaraçoso, não achas? Ias ficar muito chateado.

Depois disto, conversámos mais um pouco e eu senti que o assunto ficou mais ou menos interiorizado.

Chamo atenção para um detalhe. É que na nossa cidade (uma cidade provinciana do norte do país) ao contrário de Lisboa ou Algarve, não é tão frequente vermos pessoas de outras raças e etnias.

Daí eu compreender um pouco a surpresa do Vasco, porque de facto ele nunca tinha estado frente a frente com uma pessoa com cor de pele diferente.

Mas compreender, não significa deixar passar os comentários, por isso... ontem foi dia de dar uma lição sobre aceitação, amor ao próximo, igualdade e cidadania ao meu filhote.

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