Uma aventura na oficina
Ontem, depois de ir buscar os miúdos à escola, tivemos um furo no pneu. Ainda pensei dirigir-me a uma oficina, mas a roda esvaziou em três minutos. Acabei por desistir e ligar para os serviços de uma recauchutagem conhecida.
Esperei quase quarenta minutos (!) pelo homem da oficina, com os miúdos dentro do carro a refilarem e os nervos em franja. A chuva a cair lá fora, sem qualquer hipótese de os pôr a "arejar as ideias" durante um bocadinho e o triangulo de sinalização a ser esmagado pouco tempo depois de o colocar na estrada.
Tive que lidar com pessoas furiosas porque achavam que eu tinha ficado no meio da estrada de propósito (sim, porque é sempre um bom programa, ficar parada na estrada com dois miúdos pequenos à hora de ponta) e a polícia a insistir com o triângulo (partido em mil pedaços).
Depois... ir à oficina. Esperar a nossa vez. Colocar pneu novo. Evitar que miúdos se matem a correr pelo meio de montes pneus amontoados. Ouvir o homem dizer que "este pneu é emprestado, porque não temos cá da marca X. Tem que vir cá na sexta-feira para colocar o pneu certo.
Chegar a casa cheia de fome, encharcada até aos ossos. E perguntar aos miúdos:
- Então? Foi um final de dia um bocado complicado, não foi?
- Não mamã! Eu gostei! Foi uma verdadeira aventura!!
Portanto... aqui fica a dica: ser criança é ver tudo (mesmo aquilo que foge aos nossos planos) como uma bela aventura. Começamos a envelhecer quando deixamos de ver aventuras nos obstáculos da vida.