Tenho a sensação que devia guardar este episódio para mim...
... porque este é um blogue de família que pretende atingir um certo estatuto de respeitabilidade (cof, cof).
Mas este é também um lugar onde partilhamos o nosso dia-a-dia, onde levantamos um pouco o véu da nossa intimidade. Por isso, não resisto a contar um momento castiço das férias do verão lá nos Algarves.
Ora aqui vai...
Toda a gente sabe que um dos maiores desejos de uma mãe é conseguir encontrar um pequeno momento de relax, longe das fraldas e dos biberões, dos choros e das birras.
Nem que seja meia horinha, 15 minutos de descanso. Esses 15 minutos podem fazer milagres pela nossa boa disposição, não é?
Quem me der a possibilidade de desfrutar desse pequeno éden... ganha o céu da minha gratidão! :)
Pois lá estávamos nós, a passar uma semaninha em Albufeira (volta agosto, que estás perdoado!), a revesar-nos para dar o máximo de divertimento ao nosso Vasquito, mas... sem conseguirmos descansar verdadeiramente.
Era mudar fraldas, era dar o pequeno-almoço, era ver se ele não caía no chão escorregadio, era ver se não engolia água na piscina...
Até que um belo dia, tudo se conjugou para me proporcionar o meu momento de lazer.
O Vasco a dormir a sesta no quarto. O marido a dizer que não se importava de ficar no quarto com ele, porque queria ler o jornal.
E eu pensei:
É agora!!!
Vou pastelar para as espreguiçadeiras da piscina durante 2 horinhas, enquanto estes dois ficam no quarto!
Meu dito, meu feito.
Pego no saco com as toalhas, calço uns chinelos à pressa (o quarto estava escuro por isso mais tarde percebo que levei os chinelos do marido), e desço o elevador em direção às piscinas.
Deslizo confiante pelo corredor de acesso ao exterior.
Sou uma mulher sorridente ao passar pela primeira zona de piscinas.
Sou uma mulher triunfal a chegar ao bar e a pedir um granizado de menta.
O acesso à zona das piscinas
Levo o granizado comigo para a zona mais afastada do hotel (que naquele momento era que estava mais solarenta) e escolho um espreguiçadeira.
Demoro o meu tempo a ajustar a inclinação da espreguiçadeira, para atingir o máximo de conforto.
Toda eu irradio felicidade!
Só não abro os braços em direção ao sol em jeito de oração, para não me acharem maluca.
Está quase...
Vou tirar a roupa e deitar-me como um turista normal a desfrutar do seu hotel.
Começo a levantar o vestido com um jeito sensual e...
Kesta cena?? WTF!!
Lei de Murphy. ...
Esqueci-me de trazer o bikini.
Estou de cuecas e soutian por baixo do vestido.
Estão 33 graus e não posso sequer tirar a roupa.
Espreito melhor a ver se a lingerie é daquelas que dá para disfarçar.
Não dá.
São as minhas cuecas bridget jones cor de salmão que uso para as "transparências" (porque à hora do almoço tinha ido para o restaurante com um vestido todo giro) e o soutian a condizer.
As cuecas vão-me até às costas. O soutian é tão sensual como uma boca desdentada e cheia de cáries
Gradualmente, o ar triunfante dá lugar à raiva.
Voltar ao quarto? Ir buscar o bikini?!
E se o Vasco acordar com o barulho da porta a abrir?
Fazer aquela distância toda leva-me pelo menos 15 minutos.
Decido ficar.
Deito-me na espreguiçadeira e sou a mulher mais triste do mundo.
À minha frente um miúdo salta para a piscina e comenta com a mãe "Aqui é que se está bem!".
Apetece-me esfolar o puto.
Resisti durante 50 minutos. A suar em bica, mas teimosa sem arredar pé daquela espreguiçadeira.
Como que a dizer:
Vês Universo? Tu estás a conspirar contra mim, mas eu sou mais forte e daqui não saio!
Quando o Zé e o Vasco chegaram ao pé de mim (frescos e alegres depois de um descanso merecido) encontraram uma cara torta e uma expressão de amuanço.
Então? Gostaste do momento zen? - pergunta-me o vértice adulto.
Foi excelente... - respondi - nunca mais o irei esquecer...
É escusado dizer que a partir dali os bikinis nunca mais sairam deste corpinho. Ficaram tipo segunda pele.
Até ao fim das férias.