Preparar leite de fórmula: um processo simples ou um caso bicudo?
Segundo uma notícia que li recentemente, a Direção de Geral de Saúde vai criar uma norma nacional sobre a preparação de leite em pó para bebés. O objetivo é informar os cidadãos e evitar os erros que muitas pessoas cometem nesse processo.
As duas regras fundamentais para uma boa preparação do leite, de acordo com a DGS, são:
- utilizar sempre água fervida e não água de garrafa, pois a água engarrafada não é estéril.
- adicionar o pó com a água a pelo menos 70º, para que as bactérias morram todas.
Isto é tudo muito bonito, mas não é nada prático, e também não é muito fácil de operacionalizar... A verdade é que, nos primeiros meses do Vasco, cá em casa, seguimos as duas regras à risca. A partir dos 4 meses tornou-se muito complicado. Passo a explicar:
Até aos 4 meses, o Vasco foi amamentado com o meu leite. O leite em pó era dado apenas como suplemento/reforço no final da mamada. Assim, enquanto eu dava de mamar, o meu marido ia até à cozinha e preparava o leite em pó seguindo as instruções criteriosamente.
Fervia a água, adicionava o leite ainda com a água bem quente, e depois deixava a arrefecer. Tudo isto demorava cerca de meia hora, mas não havia problema, já que esse era o tempo que eu demorava a dar de mamar. Quando o Vasco acabava de mamar, o leitinho do biberão já estava morno e ele tomava o suplemento. Simples e eficaz.
A partir dos 4 meses, o Vasc começou a rejeitar completamente a mama e passou apenas para a fórmula. A logística que seguíamos até ali para preparação do leite, continuou a ser usada durante o dia, mas à noite tornou-se impossível. E porquê?
Porque o nosso bebé acordava a meio da noite cheio de fome, a chorar imenso e, claro, sem paciência alguma para esperar a tal meia hora que era necessária para a preparação correta do leite de fórmula.
Enquanto ele berrava a plenos pulmões na caminha dele (e não adiantava nada dar-lhe a mama, nem colocar a chupeta porque o que ele queria era leite de biberão e mais nada!) lá ia eu velozmente reparar o leite de fórmula, a tentar ser o mais rápida possível.
Mas não me livrava de o fazer esperar pelo menos 20 minutos. Comecei então a explorar alternativas:
1º Alternativa: Inicialmente, optámos por ter um frasco de leite já feito no frigorífico e aquecê-lo no aquecedor de biberões na hora em que Vasco acordava. Hum... não resultou. Aqueles sete minutos que o leite demorava a aquecer pareciam uma eternidade perante o berreiro do Vasco. Acabei por abandonar rapidamente esta solução porque li em qualquer lado que preparar o leite com antecedência levava ao crescimento de bactérias. E quanto mais tempo o leite ficava no frigorifico mais bactérias cresciam. Bem, uma semana depois já tinha desistido deste método.
2º Alternativa: Para acelerar um pouco a coisa, comecei a arrefecer o leite por baixo da torneira de água fria, logo após a sua preparação. Mas aqui já temos um erro não é? Quer dizer... de que adianta colocar o pó com a água a ferver, se logo a seguir vamos «colocar o frasco debaixo de água fria?
Isto levou-me a refletir sobre uma questão: Quanto tempo demoram exatamente as bactérias a morrer? É que ainda ninguém veio esclarecer este ponto. A questão é simples. Se as bactérias só precisarem de contatar um ou dois minutos com a água a 70º para morrerem, então não há problema em esperar esses dois minutos e depois esfriar o leite na torneira. Agora... se me disserem que as bactérias precisam para aí de 10 minutos para morrer... nesse caso, colocar o leite debaixo de agia logo após a sua preparação, se calhar já foi assim tão correto.
Penso que nesse aspeto, a DGS é omissa em informações porque nada diz acerca disto. Contudo, esta alternativa deve ser a melhor, porque o Vasco esteve recentemente internado no hospital e era desta forma que as enfermeiras me aconselhavam a preparar o leite para ele. Quando comentei com as enfermeiras que em casa já estava a usar a 3º alternativa (ver abaixo), mostraram-se um pouco chocadas. Disseram-me logo que ali tinha que preparar o leite "como deve ser".
Concordo com elas, mas a verdade é que naqueles 4 dias em que estive no hospital com ele, toda a gente ficou a saber a potência dos pulmões do Vasco. Sempre que acordava a meio da noite e não tinha o leite pronto rapidamente era o caos. 15 minutos de suplício, a tentar esfriar o frasco debaixo da torneira. A pontos de as próprias enfermeiras virem queixar-se do ruído. Mas que podia eu fazer?
3º Alternativa e a que usamos até hoje (Deus me perdooe, mas é a mais prática!): A partir dos 6 meses do Vasco, tivemos que tomar uma decisão. Ou o deixávamos chorar baba e ranho durante os minutos de preparação do leite mais o tempo de esfriar na torneira (tudo junto levava cerca de 15 minutos com ele a berrar e a espernear) ou encontrávamos outra solução.
Hoje em dia, temos sempre em casa:
- um termo com água a ferver que é mantida quente durante toda a noite.
- um recipiente com água fervida, mas fria.
Quando o Vasco acorda e quer leite, adicionamos ao biberão um pouco de água quente, e logo a seguir água fria- ou seja, temperamos a água de modo a que fique a uma temperatura boa para ele beber. Já sabemos a medida exata de água fria e quente para conseguirmos os 210 ml, que é o total que ele bebe. A seguir adicionamos o leite em pó e agitamos.
Tudo isto demora.... uns abençoados 2 minutos!
Eu sei... crucifiquem-me... o leite não vai ficar estéril... as bactérias não vão morrer todas porque quando coloco o leite em pó, a água já está morninha... Mas o processo tornou-se muito simples, o Vasco não chega a ficar muito chateado e logo que acaba de beber o leite, arrota e adormece.
Dantes... berrava tanto à espera do leitinho, que depois já não o conseguiamos adormecer de tão "excitado" que estava.
Hoje em dia, o Vasco já dorme a noite toda, ou acorda apenas uma vez e nem sempre pede leite. Mas continuo a matutar neste assunto.
E vocês, como preparam o leite? Já alguma vez se depararam com estes dilemas? Serei muito má mãe por preparar o leite desta forma? Fico à espera de opiniões!