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O Triângulo Perfeito

A vida de uma família perfeitamente normal

O Triângulo Perfeito

A vida de uma família perfeitamente normal

Seg | 21.01.19

O meu filho tem tido imensos pesadelos. A culpa é do youtube... e nossa também.

Ana

A maioria das crianças começa a ter pesadelos por volta dos 3 anos, altura em que o cérebro atinge alguma maturidade cognitiva, sendo capaz de processar melhor a informação. 

Os pesadelos podem resultar de situações traumáticas vividas no quotidiano, de histórias que a criança ouve, ou até mesmo de imagens vistas na televisão.

 

O meu filho tem tido imensos pesadelos ultimamente. Tem sonhado com "monstros", com dinossauros violentos, com robots que dão tiros e com animais maléficos.

Volta e meia, acorda a gritar a dizer que "o monstro está atrás da cama", ou que o "carro que se transforma em robot está à porta do quarto". 

Nada de traumático ocorreu na vida do meu filho nos últimos tempos. Por isso, só posso depreender que estes pesadelos resultam da própria idade e... dos videos que o Vasco anda a ver (quanto a nós em demasia) na internet.

O meu filho não acha grande piada aos desenhos animados. Há muito que deixou de ver o Panda e outros canais que, na minha opinião, até seriam didáticos. O que ele gosta mesmo é de ver vídeos no youtube!

 

Eu não acho piada nenhuma àqueles vídeos.... Acho-os parvinhos, sem lógica, sem encadeamento, um pouco agressivos, enfim...

Mas ele adora.

 

Há um tipo de vídeos que ele vê bastante que é tipo "gravação de jogos de computador" (jogos que alguém fez no PC ou na Playstation, colocando posteriormente a gravação no youtube).

Aparece o Homem Aranha, o Batmam, o Schrek... o que por si só não é mau. O problema é que estes personagens andam à luta, ou então vão dentro de carros que voam e se atiram de ravinas abaixo.... muito pedagógico, sem dúvida! :)

Para além dos vídeos serem pobrezinhos, a banda sonora é sempre igual, provavelmente por causa dos custos das licenças musicais.

 

O segundo tipo de vídeos que ele adora é mais engraçadito, mas mesmo assim...

Estou a falar de vídeos protagonizados por crianças verdadeiras (e seus pais). Os miúdos andam de carro, vão a parques temáticos ou abrem "ovinhos surpresa" cheios de bonecos dentro...

Alguns até são engraçados porque de uma forma indireta ensinam as cores, ou os números ou até porque ensinam valores (raramente!) Mas a maior parte... help me!

 

Há videos em que os miúdos pegam no cartão de crédito dos pais e, sem estes saberem, encomendam carros elétricos e uma série de brinquedos que depois lhes aparecem à porta de casa. É tudo a fingir, mas nunca se sabe quando é que os nossos filhos vão ter uma ideia destas, não é?

Há outros vídeos em que os miúdos enchem a casa de bolinhas de esferovite ou de sabão. Enfim... resumindo: são, na sua maioria, vídeos em que os miúdos fazem asneiras, bebem refrigerantes em latas gigantes (certamente patrocinados por essas marcas), comem gomas, roubam coisas... Tudo a fingir, claro, mas mesmo assim!

 

Sinto que o Vasco está a ficar dependente desses videos... e ainda só tem 3 anos!

Reconheço que já aprendeu muitas coisas por causa desses videos (não é tudo mau), mas acho que ultimamente as perdas têm sido maiores que os ganhos.

A culpa também é nossa, dos pais. Porque temos dois bebés pequenos (um com apenas 6 meses que ainda exige muita atenção) e às vezes em desespero de causa, pomos esses videos a dar na TV para ver se conseguimos algum sossego. 

Depois de jantar, queremos arrumar a cozinha, mudar fralda ao mais novo ou simplesmente resolver assuntos do dia-a-dia. São momentos que usamos para falar da conta da luz, de questões relacionadas com o infantário, dos compromissos familiares...

Não temos, neste momento, como casal muitos momentos para dialogar.

Por isso, nos últimos tempos, temos aproveitado (erradamente) a paixão do Vasco pelos vídeos para que este fique sossegadinho e calado enquanto colocamos os "assuntos de adultos" em dia.

 

Mas isto tem que parar! E ontem foi o dia em que decidimos acabar com o problema.

 

Eu e o pai decidimos limitar o visionamento desses videos a apenas meia hora antes do jantar.

Depois do jantar, a televisão fica desligada e aproveitamos para conversar ou brincar com o Vasco. Se a TV estiver ligada... está sintonizada no canal que os pais querem.

(Sim, porque os pais, antes de serem pais eram pessoas normais que viam noticiários e outros programas na TV! E os filho também têm que se habituar ao facto de não poderem ser sempre os protagonistas. Caso contrário, estaremos a criar um "pequeno tirano")

Com esta medida, vamos ter um filho mais calmo, menos eufórico antes da hora de deitar e com mais apetência para conversar e brincar de outras formas.

Esperamos também reduzir um pouco a questão dos pesadelos, causados por um fim de noite que é (confessamos) mais agitado do que deveria ser.

Nós não somos pais perfeitos. E nos últimso 6 meses, desde que o irmão nasceu, andamos a navegar um pouco à deriva, tentando ajustar as novas rotinas à dinâmica familiar. 

Mas queremos o melhor para o nosso filho. Percebemos o nosso erro e isso é o mais importante.

Agora... é altura de mudar.