O que temos nós contra o AMOR?
Fazem-me espécie aqueles homens e mulheres que se divorciam do amor. Que se desligam dos gestos românticos. Que acham "pirosas" e "lamechas" as atitudes apaixonadas daqueles que se entregaram com fervor ao sentimento. Que se colocam à margem da celebração e a criticam com desdém.
Fazem-me nervos aqueles que se negam a celebrar o Dia de S. Valentim, usando como argumento o "ah e tal, eu não sou pessoa de ir na onda... eu cá sou original".
Fazem-me comichão as pessoas que não querem "fazer parte da carneirada que festeja o S. Valentim", mas que depois não se importam nada de "seguir o rebanho", celebrando (tal como milhões de portugueses) o Natal ou a Páscoa. Onde fica aqui a originalidade?
Cada um é livre de celebrar ou não, mas irrita-me o argumento do "eu sou original e pragmático por isso celebro o dia dos namorados no fim de semana seguinte, quando os restaurantes já estão menos apinhados".
A sério?! Festejar o S. Valentim no fim de semana seguinte? Mas por acaso alguém celebra o Natal no fim de semana seguinte? Alguém celebra o Carnaval um mês antes ou um mês depois? Tem alguma lógica?
Fazem-me suspirar de desalento aqueles (e aquelas) que não vão ao restaurante com os companheiros no Dia de S. Valentim "por causa das filas e da confusão" mas não se importam de esperar horas e horas para comprar um bilhete dos U2. E não se incomodam nada com a confusão quando andam nos saldos, ou a torcer pela sua equipa num derbi de futebol.
Fazem-me ficar triste aqueles que se negam a festejar o Dia dos Namorados com o argumento de que "o amor é para celebrar todos os dias, que coisa estúpida haver um dia especial para isso". Mas que... no fundo... não festejam o amor em dia nenhum. Nunca dão mostras de amor ao seu/sua companheira. Porque estão cansados, porque estão "noutra", ou porque simplesmente, não sabem sequer amar.
Por último... fazem-me perder um pouco a esperança na humanidade... aqueles que ATÉ celebram o Dia de S. Valentim, mas sem o sentir verdadeiramente.
Aqueles que compram rosas, que oferecem aneis e fins de semana prolongados. Aqueles que se declaram a torto e a direito nas redes sociais, mas que... na realidade... traem, discutem, enxovalham, desprezam, diminuem constantemente o seu companheiro/a no resto dos dias do ano.
Celebrar ou não celebrar o Dia de S. Valentim? Cada um sabe de si e das suas convicções.
Acima tudo, o que eu odeio mesmo é a hipocrisia. A hipocrisia daqueles que inventam desculpas para não fazer absolutamente nada neste dia (e na maioria das vezes isso não é nada mais do que o reflexo de alguma preguiça mental- porque pensar em algo giro para fazer dá um certo trabalho, às vezes...). E a hipocrisia dos que andam a "desamar" durante todo o ano e, neste dia se lembram, de repente, que o outro existe.
Como dizia Eugénio de Andrade, "é urgente o Amor, é urgente permanecer".
Pergunto-me... o que temos nós contra o Amor?
Porque temos tanta vergonha de nos entregarmos a ele?
Vamos amar.
Primeiro, a nós mesmos. Depois, a vida. E em terceiro lugar, o companheiro que nos atura todos os dias e que vai até ao fim do mundo por nós.
E se não houver companheiro? Também não há desculpa.
Apaixona-te por ti e leva-te a um sítio bom dentro do coração.
"... é urgente inventar a alegria, multiplicar os beijos e as searas".
Não desistam do Amor... Não desistam!