(de) Direta para o emprego
Há uma razão muito forte para não ter escrito nada neste blogue ultimamente. É que ontem estava tão cansada que decidi trocar o computador pelos lençóis.
Na terça-feira, o Vasco dormiu mal a noite toda. Acordou à uma da manhã, acordou às duas... E a partir de uma certa altura decidiu que não queria estar mais na cama.
Resultado: passei a noite toda em branco e acabei por ir trabalhar de "direta". Zero horas de sono. Zero...!
De manhã, ainda aguentei bem o impacto. Estava a dar aulas no laboratório, e a fazer experiências com os alunos. Como as atividades eram muito práticas, não davam a mínima margem para sono.
À tarde, o cansaço começou a dar sinal, acompanhado de uma enxaqueca tremenda. Se tivesse uma almofada comigo acho que ainda tirava um cochilo na sala dos professores, num dos intervalos.
Tomei um café duplo e decidi que não me ia deixar vencer pelo cansaço. Já tinha percebido, de manhã, que a única forma de vencer o sono era estar sempre em atividade, por isso tentei ser o mais enérgica possível nas aulas da tarde.
Se calhar exagerei...
A professora hoje está com a pica toda! - comentou um aluno.
Vê-se bem que gosta mais desta matéria! - disse outro, bastante animado.
Pronto. Parece que os alunos gostaram deste "novo eu". Apesar do cansaço, acho que consegui enviar vibrações positivas
No regresso à casa, vieram-me à memória aqueles versos do Fernando Pessoa (O poeta é um fingidor....) e mais uma vez concluí que essa teoria também se aplica ao ensino.
Sim. O professor também é um fingidor.
Posso estar triste, cansada, ou doente, mas sempre que os alunos me vejam de boa cara e se sintam motivados. Nos dias em que estou mais em baixo de forma, vou buscar energia às entranhas.
Quantas máscaras já usei?
Não interessa. Eles merecem. Não, não é um cliché. Acho mesmo que eles merecem ter o melhor de nós.
À noite, depois do jantar, cedi finalmente ao João Pestana. E o Vasco, depois de uma semana inteira a dormir pouco, parece que também nos decidiu dar tréguas. Só acordou uma vez esta noite, yeiii!
A última vez que fui de direta para o trabalho tinha 21 anos e estava no final do meu ano de estágio (estágio integrado).
Tinha passado a noite num bar de karaoke, a celebrar o final do curso e mesmo assim cheguei ao trabalho fresquinha, como se nada fosse!
Era jovem, e não senti muito o impacto da noite mal dormida. No dia seguinte, se fosse preciso, já estava pronta para outra.
Hoje, com 37 anos, sinto que as noites em branco já deixam marcas. Cansado de dormir uma média de 5 horas por dia, o meu corpo está a ressentir-se e a pedir desesperadamente um pouco de descanso
Começo a pensar que devia ter tido filhos mais cedo. Será que já estou velhota para isto? :)