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O Triângulo Perfeito

A vida de uma família perfeitamente normal

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Seg | 30.01.17

Crescendo entre ecrãs

Ana

Crescendo entre ecrãs é o nome de um estudo realizado pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social que concluiu que os pais utilizam cada vez mais os meios eletrónicos (tablets, computadores, TV e telemóvel) para entreter as crianças. Esses gadjets desempenham o papel de babysitters tecnológicas, ou seja, são usados para ocupar as crianças "enquanto os pais estão ocupados com outras tarefas" (notícia do JN)

 

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  A nossa luta nas últimas semanas: evitar que o V. veja televisão "em cima" do ecrã.

 

Cá em casa, (no início muito timidamente, mas agora em grande força),  também já se começam a usar as novas tecnologias.

 

Tenho que confessar que o tablet é uma ajuda preciosa no momento das refeições, e que a TV se tornou um recurso útil para adormecer o Vasco à noitinha (fica no carrinho a ver desenhos animados e adormece rapidamente).

 

Até o computador ele usa, de vez em quando, para se divertir com os jogos para bebés (podes ler sobre isso neste post). 

 

Tanto eu como o meu marido sabemos que, ao incentivarmos o uso das novas tecnologias, estamos a optar pela "saída mais fácil". Mas os dias de pai e mãe são cansativos e desgastantes e é difícil não cair na tentação de utilizar estes equipamentos tecnológicos:

 

A hora da refeição que era, desde há uns meses, um momento de alguma tensão, passou a ser uma atividade divertida para o Vasco desde que este percebeu que, juntamente com a comida, vai ter música e cantorias.

 

Antigamente, nem a babete queria colocar; agora é ele que pede para subir para a cadeirinha da papa. Tudo graças ao tablet...

 

Adormecer o V. também se tornou mais fácil. O nosso bebé nunca foi um menino que gostasse de colo, portanto, nunca o conseguimos adormecer desse modo. Deita-lo na caminha também só resulta em 10% das vezes ( é um suplício vê-lo a berrar "mama, mama" agarrado às grades).

 

Desde que começou a prestar atenção aos desenhos animados, a tarefa tornou-se simples: quando percebemos que está cheio de sono, pomos o V. no carrinho a ver um programa calminho e... plim!  Passado uns minutos (sem qualquer stress, ou experiência traumática) o nosso menino adormeceu. 

 

Não somos ingénuos. Sabemos que esta dependência poderá vir a ser prejudicial no futuro. Por isso, tentamos que no resto do dia, o V. não tenha contato com meios tecnológicos:

 

À tarde, quando ele chega do infantário, brincamos um bom bocado com a televisão desligada. Tento estimular o interesse dele pelos brinquedos, pelos livros e pelos jogos infantis. Procuro leva-lo ao parque, nos dias de sol, e fomento a interação dele com outras crianças.

 

Não quero criar um "viciado em tablets". Apenas assumo que, neste momento, eles ajudam (e muito) a nossa vida.

 

No nosso tempo, os nossos pais construiam avioezinhos de papel, batiam com os testos das panelas e faziam mímica para nos entreterem à hora das refeições. Os tempos mudaram, mas no fundo, o princípio acaba por ser quase o mesmo: todos os pais tentam arranjar formas para que as crianças comam.

 

Claro que o ideal seria que os nossos filhos adorassem sopa, comessem como "bois famintos" e experimentassem com prazer todo tipo de comida. Mas nem sempre é assim... ! Ou melhor, algumas crianças são naturalmente assim e outras não. Há ainda quem, como o Vasco, tenha dias bons e dias maus. 

 

Sabemos que o tablet , a televisão e o computador podem ser apelidados de recursos fáceis e acabam por constituir uma espécie de "batotice". 

 

Mas que essa batotice dá jeito quando chegamos a casa com mil coisas para fazer (preparar jantar, pôr a mesa, estender roupa, dar banho, etc)... lá isso dá!

 

Também há que reconhecer que, para os nossos filhos "nativos digitais", esses objetos não são vistos como fonte de vício. Para eles, os gadjets tecnológicos não passam de brinquedos apelativos.

 

Há qualquer coisa nesses objetos que cativa as crianças, que lhes prende a atenção. Quer os críticos queiram, quer não, na maioria das vezes os meios tecnológicos são, para os miúdos, fonte de prazer e felicidade. 

 

Não há como contrariar a evolução dos tempos e dos hábitos. Não podemos fazer finca pé, entrar numa redoma de teimosia e virar as costas ao desenvolvimento. Temos o dever de avançar juntamente com os nossos filhos, de acompanhar os avanços do seu tempo, mesmo não compreendendo (ou dominando) muitos desses avanços. Se eles perceberem que existe esse esforço da nossa parte, também ficarão felizes.

 

A investigação "Crescendo entre ecrãs"  concluiu que apesar de fornecerem esses meios tecnológicos às crianças, os pais preocupam-se verdadeiramente com os conteúdos visionados por eleas, tentando evitar que elas consumam programas violentos, de cariz sexual ou com linguagem inapropriada.

 

Não obstante, em cerca de 2/3 dos lares, as crianças usam o tablet "sem qualquer vigilância dos pais e em 63% dos casos, o tablet pertence-lhes" (notícia do JN).

 

Como mãe, não me parece boa política impedir que o meu filho utilize tablets ou pesquise na internet. O que eu vou tentar, acima de tudo e com todas as minhas forças, é ensina-lo a utilizar esses recursos com prudência e sentido de responsabilidade. Como? Essencialmente dialogando, dialogando, dialogando...

 

A Educação para os Média (um assunto do qual falarei mais profundamente em tempos próximos) deve começar desde tenra idade. E é isso que pretendo fazer. 

 

O mundo está sempre a mudar. E muda rapidamente, à margem do nosso apoio, das nossos hábitos e das nossas opiniões.

 

O tablet, o computador e o telemóvel, estão aqui para ficar. Não há como dizer isto de outro modo: fizeram sucesso. Ponto. E não vão ser substituídos tão cedo, a não ser... por outros gadjets, mais ou menos semelhantes.

 

Não vou negar ao meu filho o contato com os meios tecnológicos. O que vou tentar fazer é ensina-lo a tirar o melhor partido possível desses objetos. Sei que a tarefa que me espera é árdua, mas não tenciono desistir, 

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