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O Triângulo Perfeito

A vida de uma família perfeitamente normal

O Triângulo Perfeito

A vida de uma família perfeitamente normal

Ter | 20.07.21

Correr para sobreviver

Ana

Há dois meses sentia-me profundamente cansada e com dificuldades respiratórias. Nunca tive Covid-19, portanto, não seriam sequelas da doença.

Seriam, contudo, as consequências de duas gravidezes quase seguidas e... dois confinamentos no inverno. 

No primeiro confinamento aderi à moda do pão e a #paodemia saiu-me cara, que é como quem diz... ajudou à engorda!

Mais umas bolachinhas para aguentar o tédio, mais uns bolos para distrair os miúdos e... quando dei por mim tinha engordado bastante. 

No segundo confinamento já fui mais comedida, mas o inverno não foi propício a caminhadas no meio da floresta (atividade que praticava a sós na primeira quarentena). Assim, à má alimentação juntou-se o sedentarismo e o stresse... sim... o stresse enorme de estar em casa durante 24 horas com dois miúdos adoráveis mas muito reguilas. 

Quando cheguei ao médico naquele dia de abril com queixas variadas tanto ao nível físico como psicológico, confesso que estava bastante assustada. Embora soubesse que a principal causa da minha falta de fôlego eram os dois confinamentos seguidos... tinha medo de ter algo mais grave e a minha hipocondria estava nos píncaros. 

"Terei cancro, senhora doutora?", "Terei uma pneumonia grave?" "Será que tenho fibromialgia? Só pode ser porque sinto-me tão mal e nem umas escadas consigo subir sem parar a meio! - lamentava-me com ar desolado no consultório. 

Depois de muito pacientemente me ouvir... a médica receitou-me alguns exames, mas foi clara na antecipação do diagnóstico:

- Vou manda-la fazer análises e alguns exames - começou por dizer - mas a minha intuição diz-me que o exercício físico é o que está a faltar. Vocês tem que começar já a fazer exercício, antes que seja tarde! 

- Como assim, tarde? 

- Da maneira que está a ficar... com excesso de peso, gordura abdominal... se não fizer nada, corre o risco de desenvolver problemas sérios. E se agora já tem dificuldade em mexer-se... como imagina que estará daqui a dois anos?

Bem... escusado será dizer que saí do consultório assustada. E ao mesmo tempo relativamente aliviada por saber que a "solução para os meus males" era tão simples. 

Feitos os exames (que nada apontaram de particular em relação ao meu estado de saúde - a médica tinha razão) decidi meter mãos à obra. Ou melhor... pernas à obra!

Como detesto ginásios, decidi começar por algo mais simples: caminhadas e corridas no parque da cidade. 

No início... mal conseguia correr 200 metros e já tinha que parar, ofegante! 

Mas não desisti. Sempre que o cansaço me atingia procurava lembrar-me das palavras sábias da médica ("você daqui a dois anos, mal se vai mexer...").

Um dia consegui correr 500 metros. No outro dia menos, porque os músculos doíam. Na semana seguinte novamente um pouco mais. E mais... e mais... 

Arranjei companhia de uma amiga que também quer ser "fit" e lá vamos nós dia sim, dia não. Quando estamos mais cansadas fazemos caminhadas maiores, mas normalmente vamos correr. 

Ainda só consigo correr 4 km. Sei que é pouco e que há quem faça verdadeiras mini maratonas todos os dias. Mas é muito, comparado com o ponto inicial. 

Não peso menos, mas também não era esse o foco principal. A ideia era perder massa gorda e ganhar agilidade e resistência ao nível cardíaco. 

Já não me custa subir um lanço de escadas. Já dou banho aos dois pequenotes sem ter que parar a meio para me sentar na sanita a recuperar o fôlego. Já não desespero quando os miúdos me pedem para ir à escola a pé. 

Ganhei qualidade de vida. Estou grata pelo "susto" que a médica me pregou pois foi algo que me fez mudar um pouco o meu estilo de vida. 

A pandemia está a causar grandes danos ao nível físico. Os nossos corpos não estavam habituados a estar tanto tempo dentro de um apartamento sem andar ou correr. E todas as nossas células estão a gritar por ajuda!

Agora é tempo de lutarmos contra este sedentarismo; um sedentarismo imposto mas que acabámos por interiorizar. 

É tempo de aproveitar o verão, o sol e o calor para mexer o corpo. Para sacudir banhas e tristeza. 

Eu cá sei que vou continuar... aliás... vou já equipar-me para a próxima corrida. Querem vir comigo? :)

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