As verdades do Vasco
Esta semana fui buscar o Vasco ao infantário. Como naquele dia andava um bocado stresszada (mistura de cansada com zangada) acabei por me distrair e, numa fila de trânsito, travei bruscamente mesmo em cima da traseira de um carro.
Mais à frente, repito o mesmo feito... Dessa vez quase que assapava em cima de um rapazito que passava numa passadeira.
Sempre que o carro dava um abanão o Vasco gritava divertido: "Acidente, acidente!"
- Vasco, tem calma. disse-lhe. Não é um acidente... A mamã só travou...ok?
- Ok mama.
Mais calma, continuei a conduzir.
Fez-se o silência. De repente, e passado bons minutos, olhando para a janela com ar pensativo o Vasco atira para o ar: "A mamã não sabe conduzir..."
Em casa voltou a repetir a frase para o pai: "A mamã não sabe conduzir. Houve muitos acidentes hoje, papá!".
Raio do moço! Podia ser um bocadinho menos sincero :)
Mas a verdade é que com dois anos, já percebeu a maçarica que eu sou na estrada.
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Ontem ao jantar o papá fartou-se de espirrar. Depois de uma série de espirros, o Vasco vira-se para ele com ar professoral:
- Tens que vestir o casaquinho papá. Estás a ficar doentinho e depois vais para o hospital. Vê lá se vestes o casaquinho como eu. O Vasco é que sabe!
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Durante a semana a nossa casa vai ficando desarrumada. Vou tentando dar um jeito, mas não me incomodo muito, Tenho imenso trabalho, jantares, sopas e banhos para dar.
E ainda quero dar tempo de qualidade ao meu filho. Se os móveis tiverem um bocado de pó, não é coisa que me mace muito.
Sei que a nossa empregada vem à sexta-feira e deixa tudo num brinco. Por isso está tudo bem. (pensava eu)
Os dias vão passando e claro que à quinta-feira, que é o último dia antes da "limpeza da empregada", as coisas já estão um bocado caóticas.
Na última quinta feira, quando saí de casa, olhei para o chão da cozinha e senti que o mesmo estava a precisar de uma faxina.
O Vasco que andava por ali a cirandar, também deve ter sentido o mesmo...
E digo isto, porquê? Então aqui vai:
Ao fim da tarde fui ao parque com o Vasco.
Aproximando-se da hora de jantar comecei a convencê-lo a vir para casa, com todos aqueles argumentos que as mães dão.
A coisa não estava fácil e piora quando a minha cria abre as goelas para dizer mais umas verdades e envergonhar aqui a Je!
- Não quero ir para casa, a nossa casa está SUJA!!! Quero ficar aqui no parque que é mais limpinho!!
VER-GON-HA!!!
Se houvesse um buraco para me meter, certamente que eu iria para lá.
Resultado: cheguei a casa e limpei tudo.
No dia seguinte a empregada deve ter achado estranho ter encontrado uma casa tão asseada, ah ah!!