As aparências iludem (ou como o capuchinho se transforma em lobo mau)
Ontem presenciei um acidente na estrada e não pude deixar de pensar em:
1- ...como os portugueses continuam a ser uns parvalhões quando se trata de trânsito
2- ... como as aparências iludem.
Bem... vou explicar tudo desde o princípio...
Eu estava na rua e tinha acabado de atravessar numa passadeira. Nessa passadeira, um carro parou para me dar passagem.
Lembro-me de ter olhado de relance para a condutora - uma rapariga na casa dos 30 anos, com uma camisa sofisticada, óculos de sol janotas, labios sedutores e um sorriso que me pareceu afetuoso.
Toda ela tinha um aspeto fofinho e um ar de "bom astral"...
Eu atravesso a estrada e a rapariga segue no seu carro. Até aqui nada de novo.
Mais à frente, já eu estava a observar a montra de uma loja quando ouço... PUM!!
Grande estrondo...
Viro-me para trás, para a estrada, e apercebo-me que dois carros tinham batido.
Como típica Tuga que sou, fui espreitar para ver o que tinha acontecido. E é aí que eu me apercebo que um dos carros envolvido era o da rapariga que falei atrás.
Basicamente, a rapariga tinha parado à entrada de uma rotunda e o carro que estava atrás dela (provavelmente por distração) bateu-lhe na traseira.
E é nisto que a rapariga meiga e afetuosa se transforma numa Serial Killer!
Mal se ouviu o estrondo e já toda a gente daquela rua começou a ouvir os berros dela. A miúda estava tresloucada... :)
Ainda não tinha saído do carro e já estava a gritar impropérios:
- Olha-me este! Olha o que me foi acontecer! Foda-se o caralho! Rais parta, foda-se!!
(sim, estamos no norte e a rapariga estava a dar uso ao vernáculo aqui da zona...)
Do carro de trás, sai o condutor aflito - um homem encorpado mas com um ar humilde a pedir desculpa.
- Minha senhora, desculpe.. mas isto são coisas que acontecem....
E ela cada vez mais histérica:
- São coisas que acontecem?? São coisas que acontecem?? Bocê não vê por onde anda, home?? Foda-se o caralho...!!
(também foi interessante perceber que apesar da maquilhagem, dos quilos de base e da roupa chique, a miúda comportava-se ao nível de uma galdéria)
Entretanto, decidi regressar ao meu passeio, deixando os dois condutores a discutir.
A conclusão que tiro disto tudo é que as aparências iludem e que é impossível mascararmos a nossa essência por muitos quilos de joias e roupas caras que usemos:
O homem que bateu no carro, apesar do ar "bruto", era um senhor simpático e humilde que fez de tudo para acalmar a situação.
A rapariga parecia inicialmente um ursinho afetuoso, mas assim que lhe bateram no carro transformou-se num dragão a cuspir fogo.
Deus me livre de um dia a encontrar na estrada... "Foda-se o caralho"...