Afinal é bom as crianças dormirem no quarto dos pais
Esta é, pelo menos, a opinião da Academia Norte Americana de Pediatria (AAP).
Baseada em estudos científicos, esta entidade recomenda que as crianças durmam no quarto dos pais até atingirem pelo menos 1 ano de idade. A razão invocada é a diminuição do risco do Síndrome de Morte Súbita.
(note-se que a AAP não defende a partilha da cama; apenas recomenda a partilha do quarto)
Esta posição foi divulgada no mês passado em vários meios de comunicação e desde então tem sido partilhada nas redes sociais, tendo sido encarada por muitos com alguma surpresa.
A verdade é que a recomendação da AAP vem contradizer uma teoria muito em voga no nosso país que diz ser benéfico (e até mesmo mais salutar para a dinâmicas das famílias) as crianças dormirem num quarto separado.
Quantas vezes já ouvimos conversas entre casais em que um deles comenta: "O quê? O teu filho ainda dorme no teu quarto/cama? Mas tens que mudar isso rapidamente!"
Esses comentários são o reflexo de uma mentalidade que está enraizada no nosso país e que colhe inclusivamente o apoio de médicos e especialistas.
Mário Cordeiro, conhecido pediatra e autor de vários livros sobre bebés e crianças, contraria a ideia da AAP e é um dos muitos a defender que o bebé deve sair do quarto dos pais logo nos primeiros meses:
"Pessoalmente, defendo que as crianças deverão sair do quarto dos pais até aos seis meses; de preferência por volta dos quatro meses, tirando raríssimas exceções”, refere o especialista (citação retirada deste artigo).
Pois então, em que ficamos?
Não querendo fazer juízos de valor, devo dizer que esta questão do dormir ou não dormir com os pais me faz lembrar... a história da margarina e da manteiga!
Antigamente dizia-se que a manteiga fazia mal e que devíamos todos apostar na margarina. Depois, não sei porquê, começou-se a acreditar no contrário, ou seja, que a margarina era péssima para a saúde. Entretanto, vieram mais 500 000 estudos a dizer que afinal a manteiga é que era saudável. Puxa! Ninguém se entende!
Cá em casa comemos manteiga por gosto. Fartos das reviravoltas da ciência, decidimos apostar no alimento cujo sabor apreciamos mais. E em relação ao dormir no quarto dos pais... sinceramente, usámos o mesmo método.
O nosso bebé dormiu no nosso quarto até aos 3/4 meses (já não me recordo ao certo). Depois disso, passou para o quarto ao lado. Como eu tenho um sono leve e acordo ao mínimo ruído, quando o Vasco dormia no nosso quarto, eu passava a noite em claro.
Ele fazia ruídos e barulhos estranhos e eu passava a noite acordada, sempre a levantar-me para ver se os barulhos eram normais. E como passava a vida a ir ao berço dele e a mexer-lhe para ver se ele estava a respirar (uf!) muitas vezes era eu que, sem querer, o acordava.
Conclusão: ninguém dormia naquela casa.
No caso do Vasco, a passagem para o quarto ao lado fez-se sem qualquer problema, sem dramas. Mas não sei se no próximo filho vai acontecer o mesmo. Aliás, nem sei se vamos proceder da mesma forma. É que esta recomendação da AAP deixou-me angustiada e a matutar no assunto.
Há muitas teorias, muitas recomendações, muitos estudos... E às vezes, quanto mais leio, mais confusa fico.
E vocês? O que pensam em relação a esta recomendação da AAP? Como procederam em relação aos vossos filhotes?