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O Triângulo Perfeito

A vida de uma família perfeitamente normal

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Ter | 09.10.18

A festa mais cool

Ana

De todas as festas de aniversário que eu tive, houve uma que me marcou para a vida.

Já aqui falei disto ao de leve, mas acho importante relembrar...pela simbologia que essa festa tem para mim. Ora aqui vai...

 

 A FESTA MAIS COOL

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Durante a minha infância sempre tive grandes festas de aniversário.

Nos dias anteriores, a minha mãe arrumava a casa com uma obcessão frenética, limpava com ainda mais rigor do que o costume. O apartamento ficava cheiroso e imaculado. No meu dia de anos, punha-se a toalha de croché favorita em cima da mesa. Ou uma toalha de linho comprada na Lixa e bordada pelas melhores artesãs dessa vila.

A minha mãe organizava a decoração, os petiscos e toda a animação ao mínimo detalhe. Ficava tudo muito bonito. Numa aldeia pequena como era a minha, estas festas acabavam por ser algo memorável, objeto de conversa nos dias seguintes.

 

Sempre que eu fazia anos, apareciam os miúdos todos da terra. Eram os amigos do prédio, eram os meninos que moravam lá em cima no "bairro", eram os do lugar do Outeiro (que eu raramente via por morarem do outro lado da estrada nacional), eram os amigos da minha turma e eram os alunos da minha mãe.

Apareciam ainda os filhos das amigas da minha mãe e, por vezes, os amigos que estes traziam a reboque.

O nosso T3 ficava lotado e, muitas vezes, acabavamos por colocar a mesa de aniversário no patamar do segundo andar. E não havia problema com os vizinhos... porque os filhos dos vizinhos também estavam na festa, ah ah :)

 

Mas um dia TUDO foi diferente.  Foi o dia em que fiz 10 anos.

 

Nessa altura, o meu pai era treinador de futebol e tinha arranjado um trabalho longe de casa.  Só o víamos aos fins de semana. 

O meu dia de anos calhou a meio de uma semana de trabalho (dia útil) e lembro-me que estava um tempo horrível e chovia a potes.

A minha mãe, sozinha em casa com dois filhos já não tinha grande tempo para organizar festas. Imagino que não lhe apetecesse minimamente organizar uma. 

Podia ter esperado pelo fim de semana, aproveitando o facto de termos a companhia do meu pai. Mas muitas vezes eramos nós que o visitavamos a ele na cidade onde ele morava. Portanto, não dava jeito.

Podia ter passado uma esponja por aquele dia (quem a culparia?) oferecendo-me uma prenda, ou simplesmente dando-me mais mimos do que o costume.

 

Mas não. A minha mãe não passou por cima da data. Em vez disso, organizou-me jantar de aniversário mais cool que eu tive até hoje! 

 

A minha mãe enfeitou a mesa como se se tratasse de uma festa gigante. Fez sumo de laranja natural num copo que parecia ser de cocktail e eu bebi pela palhinha como se fosse uma turista numa praia exótica. Prendou-me com a minha comida favorita: bifinhos com cogumelos.

 

Como era dia da semana, não havia grandes convidados. Mas estava lá a minha melhor amiga, vizinha do prédio.

Não fiquei triste por ter pouca gente nesse jantar. Porque (quase tudo) o que era importante estava lá: a minha mãe, e a amiga que eu tanto adorava (o meu irmão jogava futebol e nessa noite estava num treino).

Não houve brincadeiras, nem esconde-esconde, correrias pela casa, nem confusão. Mas cantaram-se os parabéns na mesma. E houve risos. E alegria no ar!

Na altura, não me apercebi da gradiosidade deste ato materno. Mas hoje, percebo que foi imenso. Olhando para trás, vejo amor. Muito amor. 

 

Com esta festa percebi 3 coisas:

 

- A felicidade pode existir nos momentos mais simples;

- Há amigos que ficam para a vida (ainda hoje mantenho aquela amiga)

- Não há nada como o amor de mãe.

 

 Só espero ser tão "cool" para os meus filhos como a minha mãe foi para mim.

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