Frango, para que te quero!!
Saí do ginásio esganada de fome e a sonhar com coxinhas de frango. Lembrei-me logo que a cerca 200 metros havia um Pingo Doce e pensei que não seria má ideia ir até lá buscar comida.
Chegada ao super mercado, deparo-me com o caos! Aparentemente, as 12:00 de sábado são hora de ponta naquela superfície...
Filas para isto, filas para aquilo e… muita, muita gente de fato de treino e sapatilhas. Parece que a ideia de ir buscar frango a seguir ao exercício, não era assim tão original. Mais 320.000 pessoas da minha cidade tiveram o mesmo desejo.
Entusiasmada pelo cheirinho que vinha da zona da charcutaria arrisquei e decidi esperar a minha vez.Tirei a senha (número treze) e pensei: “Não é assim tão mau. Vai-se a ver e a coisa despacha-se depressa”
So wrong… apesar do ar enérgico da menina que estava a servir-nos, o tempo custava a passar.
Senha 3, senha 4… Tanto ainda para chegar à minha vez! E a parte pior é que, com o meu “detetor de cromos” identiquei imediatamente a senhora que me iria tirar do sério.
Sim. Sou especialista em detetar “empata-fodas”. Neste caso, melhor dizendo, “empata-frangos”.
Mal pus os olhos naquela senhora a falar alto com a filhota (“Ó Carla, tu bota atenção para beres se chegou a nossa bez!”) sempre aos saltinhos a espreitar para o balcão, pensei… estou frita…
Aquela senhora era das que nunca mais se despacham. E chegando à sua vez, tal como eu previa, começou o rol de pedidos:
“Olhe, quero 300 gramas de queijo terra nostra”.
“E mais?”
“Olhe, quero mais 300 gramas de queijo do vosso, do Pingo Doce”.
A menina do balcão, despachava-se.
“É tudo?”
“Não. Quero quatro rissóis daqueles. São de quê?” (achei piada, primeiro pediu os rissóis, só depois é que quis saber o recheio).
“São de camarão.”
“Pode ser. E mais dois filetes daqueles.”
“Destes?”
“Sim. Os maiorzinhos”.
Pessoas na fila a desesperar…. E eu a pensar que teria feito bem melhor ir à churrasqueira ao pé de casa.
“É tudo, minha senhora?” – perguntava simpaticamente a menina da zona da churrascaria.
“Sim. Quer dizer… não! Olhe dê-me duas barriguinhas daquelas ali”.
“Muito bem.”
Sorriso neutro da atendedora. Aparentemente é normal apanhar gente assim. E até é bom para o negócio…
“Olhe, aquele paio é picante?”
“Não senhora. Hoje não temos nada picante.”
“Então pode ser. Umas fatias de paio”.
“Deste?” – apontou a menina.
“Não. Daquele” – disse a senhora, apontando exatamente para o mesmo sítio.
ARRRRRG! Metade das pessoas da fila a soltarem chamas pelos olhos….
Muito bem. ´Mais alguma coisa?
“Não. É só isto.”
SÓ ISTO?? SÓ ISTO????
A sorte é que o cliente a seguir era o número 12. E a seguir fui eu.
Com o franguinho finalmente no saco dirigi-me à caixa para pagar.
Como é óbvio, tive o cuidado de escolher uma fila onde não estivesse a empata frangos. Não fosse o diabo tecê-las, uma vez mais.