Lugares que só existem em sonhos
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O Vasco andou nos últimos cinco anos numa IPSS e eu não tinha ideia da sorte que tinha em certos aspetos.
A matrícula era feita na própria escola, o preço das refeições estava incluído na mensalidade e a questão do acolhimento/prolongamento escolar não era sequer um assunto: os miúdos chegavam e saiam à hora que os pretendiam (entre as 7h30 eas 18h30) e não era preciso marcar ou avisar.
Com a passagem para uma escola pública, diminuiram os encargos, é certo (mais dinheirinho na carteira!) mas nem tudo são rosas.
Uma das coisas que aumentou foi a burocracia.
A matrícula teve que ser feita online no portal das matrículas. Não me posso queixar do site, achei-o simples, mas este foi apenas o primeiro passo.
A seguir, tivemos que fazer a inscrição online do pequenote noutro programa chamado SIGA - este permite acesso às refeições, acolhimento e prolongamento de horário.
Com tudo isto apercebi-me que o pré-escolar no ensino público fica mais barato que uma IPSS, mas a diferença não é assim tãooooo grande como eu supunha.
(não estou aqui a meter os colégios privados ao barulhos, porque é outro campeonato)
Portanto, se quisermos que o Vasco vá antes das 8h45 temos que pagar um X. Se pretendermos que fique depois das 15h00 temos que pagar outro X. Se pretendermos refeições, pagamos mais um Y.
Ou seja, para sufruir dos mesmos direitos (acolhimento, refeição e prolongamento) vamos pagar um valor por cada uma destas coisas. Somando tudo, a diferença em relação ao que pagávamos na IPSS é reduzida.
Percebo que as refeições se paguem, claro. Aquilo que acho mais estranho é que o estado assume que o acolhimento e o prolongamento são luxos e como tal devem ser pagos à parte. Não concordo.
Que pai/mãe consegue prescindir do prolongamento, por exemplo? Quem é que tem um emprego que lhe permite chegar ao infantário todos os dias às 15h00?
Nem toda a gente tem avós para ir buscar os miúdos ao infantário às 15h00. E os avós também têm a vida deles, não têm que estar 100% disponíveis para ir buscar os netos todos os dias.
Não deveria o prolongamento ser um direito?
E a questão do acolhimento? Também não faz sentido...
E se eu tiver que entrar às 8h30 no meu emprego? E se trabalhar a 30Km, 40km (ou mais) de distância e precisar de sair muito cedo de casa? É obvio que vou necessitar dos serviços de acolhimento.
Por isso questiono-me... Não deveriam estes dois serviços estar "implícitos" no conceito ensino público?
90% dos trabalhores necesitam desses serviços. Eles não são luxos. São necessidades.
Portanto, ou se mexe no horário dos trabalhadores com crianças em idade escolar (utopiaaaaaa) ou se começa a pensar seriamente nesta questão.
Vamos fazer uma petição?
Há dois meses sentia-me profundamente cansada e com dificuldades respiratórias. Nunca tive Covid-19, portanto, não seriam sequelas da doença.
Seriam, contudo, as consequências de duas gravidezes quase seguidas e... dois confinamentos no inverno.
No primeiro confinamento aderi à moda do pão e a #paodemia saiu-me cara, que é como quem diz... ajudou à engorda!
Mais umas bolachinhas para aguentar o tédio, mais uns bolos para distrair os miúdos e... quando dei por mim tinha engordado bastante.
No segundo confinamento já fui mais comedida, mas o inverno não foi propício a caminhadas no meio da floresta (atividade que praticava a sós na primeira quarentena). Assim, à má alimentação juntou-se o sedentarismo e o stresse... sim... o stresse enorme de estar em casa durante 24 horas com dois miúdos adoráveis mas muito reguilas.
Quando cheguei ao médico naquele dia de abril com queixas variadas tanto ao nível físico como psicológico, confesso que estava bastante assustada. Embora soubesse que a principal causa da minha falta de fôlego eram os dois confinamentos seguidos... tinha medo de ter algo mais grave e a minha hipocondria estava nos píncaros.
"Terei cancro, senhora doutora?", "Terei uma pneumonia grave?" "Será que tenho fibromialgia? Só pode ser porque sinto-me tão mal e nem umas escadas consigo subir sem parar a meio! - lamentava-me com ar desolado no consultório.
Depois de muito pacientemente me ouvir... a médica receitou-me alguns exames, mas foi clara na antecipação do diagnóstico:
- Vou manda-la fazer análises e alguns exames - começou por dizer - mas a minha intuição diz-me que o exercício físico é o que está a faltar. Vocês tem que começar já a fazer exercício, antes que seja tarde!
- Como assim, tarde?
- Da maneira que está a ficar... com excesso de peso, gordura abdominal... se não fizer nada, corre o risco de desenvolver problemas sérios. E se agora já tem dificuldade em mexer-se... como imagina que estará daqui a dois anos?
Bem... escusado será dizer que saí do consultório assustada. E ao mesmo tempo relativamente aliviada por saber que a "solução para os meus males" era tão simples.
Feitos os exames (que nada apontaram de particular em relação ao meu estado de saúde - a médica tinha razão) decidi meter mãos à obra. Ou melhor... pernas à obra!
Como detesto ginásios, decidi começar por algo mais simples: caminhadas e corridas no parque da cidade.
No início... mal conseguia correr 200 metros e já tinha que parar, ofegante!
Mas não desisti. Sempre que o cansaço me atingia procurava lembrar-me das palavras sábias da médica ("você daqui a dois anos, mal se vai mexer...").
Um dia consegui correr 500 metros. No outro dia menos, porque os músculos doíam. Na semana seguinte novamente um pouco mais. E mais... e mais...
Arranjei companhia de uma amiga que também quer ser "fit" e lá vamos nós dia sim, dia não. Quando estamos mais cansadas fazemos caminhadas maiores, mas normalmente vamos correr.
Ainda só consigo correr 4 km. Sei que é pouco e que há quem faça verdadeiras mini maratonas todos os dias. Mas é muito, comparado com o ponto inicial.
Não peso menos, mas também não era esse o foco principal. A ideia era perder massa gorda e ganhar agilidade e resistência ao nível cardíaco.
Já não me custa subir um lanço de escadas. Já dou banho aos dois pequenotes sem ter que parar a meio para me sentar na sanita a recuperar o fôlego. Já não desespero quando os miúdos me pedem para ir à escola a pé.
Ganhei qualidade de vida. Estou grata pelo "susto" que a médica me pregou pois foi algo que me fez mudar um pouco o meu estilo de vida.
A pandemia está a causar grandes danos ao nível físico. Os nossos corpos não estavam habituados a estar tanto tempo dentro de um apartamento sem andar ou correr. E todas as nossas células estão a gritar por ajuda!
Agora é tempo de lutarmos contra este sedentarismo; um sedentarismo imposto mas que acabámos por interiorizar.
É tempo de aproveitar o verão, o sol e o calor para mexer o corpo. Para sacudir banhas e tristeza.
Eu cá sei que vou continuar... aliás... vou já equipar-me para a próxima corrida. Querem vir comigo? :)
No sábado de manhã fomos à praia de Vila do Conde. Estava um dia de calor tórrido e não corria a mínima aragem.
Os miúdos divertiram-se imenso no mar e aproveitaram a maré baixa para saltitar nos rochedos e nas pequenas poças de água salgada.
Ficámos tão satisfeitos que no dia seguinte resolvemos regressar ao mesmo local... mas... em vez de 35º graus, apanhámos uma manhã cinzenta e agreste!
Claro que já sabíamos que o tempo ia mudar, mas nunca pensámos que a temperatura fosse descer tanto. :)
O que fazer? Voltar para trás não era opção.
Os miúdos estavam super entusiasmados e desta vez trazíamos o carro cheio de brinquedos de praia. Um saco enorme com baldes, forminhas e pás e moinhos, prontinho para aterrar na areia.
Portanto... fomos. Sem pensar muito. E durante três horas tivemos a praia quase só para nós.
Sob uma orvalhada teimosa, brincámos até não poder mais. E o que se faz num dia destes?
Enterra-se o Vasco na areia... Fazem-se castelos com o Xavier...
E sabem o que existe escondido no meio dos rochedos? Muitos caranguejos! Lá fomos nós explorar!
Os marotos dos caranguejos escondem-se muito bem! Mas o Vasco e o seu papá são muito persistentes!
Missão "apanhar caranguejos" terminada! Agora é devolver os bichinhos ao mar!
Foi uma manhã divertida. Ainda deu tempo para conversar com dois pescadores, admirar barcos à vela que passaram muito perto da costa, jogar futebol, jogar ao disco e... fazer acrobacias na barraca!
Fomos dos primeiros a chegar à praia e dos últimos a sair. Loucos? Não... diria mais... inventivos!
Conseguimos transformar uma manhã cinzenta e húmida numa experiência rica e cheia de cores.