Estive a participar numa Conferência sobre os novos paradigmas da Educação e confesso que saí de lá fascinada.
Tinha algumas idéias sobre aquilo que gostava de um dia fazer com os meus alunos e foi giro perceber que, por esse país fora, há muita gente que também pensa de modo semelhante.
No facebook do blogue fui deixando algumas anotações (frases que fizeram muito sentido para mim e que foram ditas pelos palestrantes) e pensamentos.
Para ser sintética, vou falar-vos aqui apenas de um caso de uma escola que anda, já há vários anos, a praticar um ensino fora daquilo a que estamos habituados: a Escola da Ponte em Vila das Aves.
Nessa escola, não existem salas de aula, mas sim espaços de trabalho.
Os professores não lecionam sozinhos, mas sim em equipas.
Em cada sala há sempre mais do que um professor.
Os alunos definem o seu próprio currículo, e criam projetos que lhe dizem algo. É a partir desses projetos que vão aprendendo as várias matérias.
Os profesores não "dão" aulas no sentido tradicional do termo. As aulas expositivas são uma parte muito residual.
A maioria da aprendizagem é feita pelos próprios alunos, através de trabalho autónomo em pequenos grupos.
Quando um aluno tem um dúvida, fica encarregue de pesquisar, de pedir ajuda aos colegas que já sabem essa matéria. Em último caso, se continuar sem perceber, pode pedir uma "aula direta" por parte do professor.
Todas as decisões são tomadas em assembleias, com grande participação de todos: alunos, professores e encarregados de educação.
Não existem praticamente reprovações, porque o programa é desenhado à medida de cada aluno.
Os professores não debitam matéria. Estão na sala para funcionar como mediadores: organizam os grupos, esclarecem dúvidas, dão pistas para resolução de problemas, dão as chamadas aulas diretas quando os alunos solicitam e fazem a avaliação final (que raramente incide em testes de avaliação).
Todas as aprendizagens dos alunos são significativas para eles. Se um aluno, por exemplo, diz que só gosta de futebol, poderá ser criado todo um projeto à volta disso. E nesse projeto, o aluno vai aprender matemática, português, ciências naturais, etc... mas sempre à volta do tema "futebol" (isto para dar um exemplo).
Os alunos são responsáveis por pequenas tarefas, como assinalar num quadro a sua própria assiduidade e pontualidade.
Vão circulando pelos diversos grupos, ora para pedir ajuda aos colegas, ora para serem eles próprios a ajudar.
A principal dificuldade dos alunos desta escola, penso eu, será quando tiverem que passar para o 10º ano. Terão que ir para outras escola e ser integrados à força no modelo tradicional ao qual não estão habituados.
A verdade é que os tempos estão a mudar e o ensino tem que se adaptar a isso.
Deixo-vos uma frase que ouvi e que me fez pensar:
"Estamos a ensinar alunos que nasceram no século XXI, com professores do século XX que ainda usam métodos do século XIX"...
Vale a pena pensar nisto...
Se tiverem oportunidade pesquisem a Escola da Ponte e tantas outras escolas que andam por esse país fora (como a de Vila Nova da Barquinha) a provocar ventos de mudança na forma como se ensina em Portugal.
Deixo-vos o link do projeto ÂNCORA no Brasil, no qual várias outras escolas do nosso país se estão a inspirar para melhorar a educação.
Esta é considerada a melhor escola do mundo neste momento, tendo recebido inúmeros prémios e reconhecimentos.
https://www.youtube.com/watch?time_continue=5&v=1ieZJsT5yTE
Agora que sou mãe, penso muitas vezes se não deveria matricular os meus filhos numa escola assim.
E vocês, o que pensam sobre o assunto?
Gostariam de matricular os vossos filhos numa escola assim, ou preferem o modelo tradicional?