Amamentação Exclusiva: Check!
Sempre tive como objetivo amamentar exclusivamente.
Com o primeiro filho, não o fiz. Não consegui...
Nessa primeira experiência de maternidade (há dois anos) optámos por uma amamentação mista: leite materno, seguido de uma pequena dose de suplemento.
Não se tratava propriamente de falta de informação... Eu já sabia, na altura, que o leite da mãe é o mais saudável.
Contudo, havia uma grande dose de insegurança da minha parte.
Na verdade, não confiava inteiramente no meu corpo. Tinha medo de não produzir leite suficiente. Tinha medo que o meu leite fosse de má qualidade... Estava cheia de medos e inseguranças!!
No hospital onde tivemos o primeiro bebé, as enfermeiras ofereceram logo o leite em fórmula como complemento à mamada. Com a nossa inexperiência achámos que esse procedimento era o mais correto e normal. Nem questionámos. Mais alguém assim?
Entretanto, engravidei de novo.
Durante todo o processo de busca por um parto diferente, fui ganhando confiança no meu corpo e nas suas potencialidades.
Uma das frases que mais ouvi nas aulas de preparação para o parto foi "a natureza sabe o que faz". A minha doula também me convenceu a acreditar mais em mim.
A minha auto-confiança aumentou ainda mais, quando há duas semanas consegui o parto que sonhei.
O facto de ter deixado a natureza seguir o seu caminho (indução natural do parto através da acupuntura, dilação sem occitocina, etc) contribuiu para o meu empoderamento.
A palavra é mesmo essa: sinto-me poderosa. Passei a acreditar mais em mim e nas minhas capacidades.
Percebi, por exemplo, que não existe essa coisa de "leite bom e leite mau".
Interiorizei que todas nós produzimos leite em quantidade suficiente, desde que estimulemos devidamente (e frequentemente) o mamilo. Assimilei que, quanto mais vezes o bebé mamar, mais leite temos.
Assim...
Desta vez, resolvi tentar a amamentação exclusiva.
Se não conseguisse, não haveria crise. Regressaríamos ao esquema antigo do complemento, ou até mesmo do biberon exclusivo, caso fosse necessário.
Mas aparentemente, o meu corpo fez o seu papel e estou muito feliz por isso.
Nos primeiros dias (como só tinha colostro) o Xavier emagreceu 5,7% do seu peso inicial.
Graças ao apoio das enfermeiras do hospital (e até mesmo de mamãs aqui da blogosfera que me deram muito apoio), não entrei em pânico pois todos me disseram que isso era normal (é comumo bebé diminuir até 10% do peso nos primeiros 5 dias).
Entretanto, ao 5º dia deu-se a descida do leite (ou subida... nunca percebi se é subir ou descer eh eh) e o Xavier começou a engordar.
Na consulta dos 15 dias, o Xavier não só tinha recuperado o peso que perdeu, como já tinha engordado 500 gramas para além disso.
Ou seja, o Xavier começou com 3, 275Kg e com 15 dias já tinha 3, 775Kg.
A enfermeira do centro de saúde deu-nos os parabéns e disse-nos que não se podia pedir melhor.
Agora é continuar a amamentar, esperando que o Xavier evolua sempre bem.
Eu nunca tinha tido antes a experiência de amamentar em exclusivo e o que noto mais é a falta de tempo para o resto das coisas.
Perco cerca de 40 minutos a amamentar, mais 10 para a mudar fralda e por bebé a arrotar... enfim... perco quase uma hora em cada mamada!
Se tivermos em conta que o Xavier mama de 2 em 2 horas (em média) já estão a ver a minha vida neste momento!
Não faço mais nada senão dar de mamar :))
Amamentar em exclusivo é uma experiência bonita e saudável, mas muito exigente para a mãe do ponto de vista físico. É o que eu concluo.
Ficamos com pouco tempo para dormir entre as mamadas, muito mais cansados e a própria rotina do dia-a-dia torna-se desgastante.
No meu caso, acrescido a tudo isso... farto-me de transpirar. Derreto-me em água quando estou a dar de mamar.
Por isso, quero dizer uma vez mais que compreendo perfeitamente a opção daqueles que, mesmo tendo possibilidde, escolheram não amamentar exclusivamente.
Há altura em que isto é mesmo uma grande seca, ah ah!
Por falar em seca imaginem o que vou fazer agora?
Sim... dar de mamar...
Assim que nasceu, o Xavier foi colocado no meu peito, onde esteve cerca de 2 horas. Só depois foi pesado, medido e vestido. Acredito que o contacto direto pele-a-pele, ajudou no processo de amamentação
Nota:
Quem lê o meu blogue com atenção sabe que não sou nada fundamentalista em relação a este assunto da amamentação. Até já fiz um post aqui há tempos, expondo as minhas dúvidas e anseios.
Sou super a favor de respeitarmos as opções de cada um e de não cairmos em extremismos loucos.
Tal como nas questão do parto cabe a cada mulher decidir o que é melhor para si (depois de devidamente informada...) penso que também deve ser respeitada a decisão de amamentar em exclusivo ou não.
Apesar dos benefícios da amamentação estarem mais que comprovados, estamos a falar de uma decisão muito pessoal que envolve vários factores, não só físicos como psicológicos.
E tão importante como a saúde do bebé, é que a mãe esteja equilibrada e bem consigo própria. Se o equilíbrio da mãe ficar em suspenso por causa da amamentação, então acho que mais vale ela abandonar o conceito. Opinião minha, claro.
Como diz a minha enfermeira do centro de saúde, "amamentar é como dançar o tango: são precisos dois". Se a mãe ou o bebé não estão satisfeitos, é hora de mudar. :)