No dia 11 de novembro de 2015, pelas 22:30 entrei no hospital para ter o meu primeiro filho.
Segundo uma primeira análise, eu não tinha qualquer dilatação, e nem sequer existiam as ditas contracções. Apenas e só me tinham rebentado as águas.
Pediram para tirar a roupa, vestir uma bata branca e deitar numa cama. Foi-me administrada uma substância por via intravenosa e disseram-me para aguardar deitada na maca.
Colocaram-me uma cinta para monitorizar os batimentos de mãe e bebé. E ali fiquei.
Algum tempo depois, o monitor indicou braquicardia fetal e fui imediatamente levada para o bloco operatório para uma cesariana de urgência.
Se a cesariana foi necessária? Penso que sim. Afinal de contas, havia "sofrimento fetal".
Mas será que o bebé teria entrado em sofrimento se o parto tivesse ocorrido de forma mais natural?
Passo a explicar. Sinto que foi tudo muito rápido, frio, e asséptico.
Os estudos demonstram que a administração precoce de algumas substâncias para induzir o parto, aumenta as probabilidades de braquicardia. Sendo assim, porque não esperar um pouco, já que o processo ainda estava no início?
Sinto que não tive liberdade de movimentos pois mal cheguei disseram para deitar numa maca. Isto quando todos sabemos que caminhar ajuda à dilatação e ao desenvolvimento do parto.
Sinto que não foi dado o devido tempo para que as contrações começassem espontaneamente.
Sinto... enfim... sinto que era muito tarde, que todos estavam cansados... não consigo deixar de pensar (desculpem-me se estiver enganada) que ninguém quis "esperar" por mim. Ninguém quis dar hipótese para que o meu corpo começasse efetivamente o seu trabalho.
Apesar de estar feliz pelo nascimento do meu filho, ficaram no meu íntimo várias dúvidas sobre o processo e muita mágoa acumulada que acabou por condicionar o meu estado de espírito nas primeiras semanas pós-parto. Não tive uma depressão pós-parto, mas sofri imenso com o baby blues.
Por isso, prometi a mim mesma que iria pesquisar mais, e procurar as respostas que me faltavam. Passei meses e meses a ler e a consultar dados, estatísticas e teses de mestrado.
Até que engravidei pela segunda vez.
Já na posse de muita informação decidi que iria enverdar por outros caminhos.
Voltei novamente à pesquisa, às conversas com colegas, aos fóruns de mães e de grávidas...
Até que, finalmente, encontrei o local certo para mim. O local certo para ter o meu segundo parto.
Refiro-me ao Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim. Um local que reune consenso em termos de qualidade, e onde já se pratica há alguns anos aquilo que todas as muheres sonham- um parto humanizado.
Escolhido o hospital, fui ver com os meus próprios olhos a dinâmica do local.
Quis tentar saber se todas as coisas boas que tinha ouvido e lido eram mesmo verdade.
Seria este um hospital amigo das mulheres?
Um local onde as vontades da mãe seriam respeitadas?
Seria este um local onde eu teria carinho, cuidados permanentes e uma atenção constante ao desenrolar do parto?
Fui confirmar.
Certo dia, meti-me a caminho com o meu marido e estacionamos em frente ao hospital.
Visto de fora, a fachada pouco prometia: um edifício velhinho a necessitar de obras de restauração urgentes!
Mas não desanimámos.
Já tínhamos marcado pelo telefone a visita às instalações e logo que entrámos no bloco de obstetrícia fomos carinhosamente recebidos pela enfermeira Élia.
A empatia foi imediata. E o nosso sentimento de segurança foi crescendo à medida que a enfermeira nos fazia o "tour" pelo bloco de partos e instalações.
A primeira coisa que nos disse, depois de saber que vínhamos de um Hospital Privado, foi:
- Atenção, que isto aqui não é nenhum hotel! Mas podem ter a certeza que estão em boas mãos.
Respondemos que não estavamos interessados num "hotel". Só pretendíamos carinho e respeito.
- Então, fiquem descansados, pois vão encontrar tudo isso aqui.
Durante mais de uma hora, percorremos as cinco salas de parto (modernas e restauradas) onde é possível ser acompanhada por duas pessoas ( e não uma, como noutros hospitais), onde temos bolas de pilates, banco de parto, chuveiro, televisão, possibilidade de ouvir música escolhida por nós. Numa das salas, a "famosa" banheira escolhida por algumas mães para o parto na água.
Gostei tanto, tanto, tanto!
E a parte de que gostei mais, foi saber que não só é permitido mas também fomentada a ideia de a grávida fazer um "plano de parto".
Sei que brevemente, terei uma reunião no hospital com a equipa de enfermagem, para decidirmos em conjunto o plano de parto. E isto é uma prática corrente neste hospital.
Saí de lá com o coração cheio e com todas as minhas dúvidas dissipadas.
Sei que o meu parto poderá correr bem, mal ou mais ou menos, mas tenho a certeza de que vão fazer tudo para que este seja "o dia mais feliz".
Aguardo com alguma ansiedade o dia da chegada do novo bebé. Mas estou cada vez mais confiante e segura da minha escolha.
Entretanto, começarão as aulas de preparação para o parto (algumas na piscina da Póvoa de Varzim - mais uma inovação do hospital).
Mal posso esperar! :)