Hoje vou tirar a máscara
Até porque o Carnaval são três dias. E este - o Carnaval de 2017- já terminou.
Vou tirar a máscara para falar um pouco sobre mim. Vou falar dos meus sentimentos (ui!!!). E quero ainda desabafar sobre esta história dos baby blogs, blogues de maternidade, enfim, o que lhes quiserem chamar.
Há muita gente por aí a criticar este tipo de blogues. Podia dar-se o caso de esta ser uma daquelas situações de "ou se ama, ou se odeia", mas nem é disso que se trata...
Na verdade, muitos dos que tecem comentários irónicos em relação a baby blogs são pessoas que... seguem esses mesmos blogues secretamente.
Só pode! Gosto de acreditar nisso. Caso contrário (e não consigo concebê-lo de outra maneira) como poderiam essas pessoas argumentar de modo tão corrosivo contra os autores desses blogues?
Não consigo admitir que se critique algo, ou alguém, sem um profundo conhecimento de causa, o que só poderá acontecer se estivermos bastante a par do seu dia-a-dia... ou seja, lendo todos os posts com bastaannnnnte atenção...
Não estou a falar do meu blogue. Nada disso. Sou tão pouco conhecida na blogosfera, que ninguém se dá ao trabalho de me criticar. Se o meu blogue fosse um elemento químico da tabela periódica... era o hidrogénio, ah ah, de tão pequena que sou.
(o que me deixa triste, mas ao mesmo tempo confortável. É interessante andar aqui a mandar as minhas postas de pescada sem ninguém ver- dá-me uma certa impunidade)
Nah... Quando falo em críticas, estou lembrar-me de baby blogs famosos. Daqueles que são seguidos por milhares de pessoas na blogosfera, ou nas redes sociais.
Normalmente, os posts escritos por essas mães e pais babados são inundados de likes e de comentários simpáticos. Mas de vez em quando lá vem um comentário mais maldoso, daqueles tão agressivos que até arrepiam.
Li um desses comentários num blogue que ando a seguir e não gostei nada do "tom". Basicamente, o autor do comentário acusava os/as bloguistas de serem fúteis e superficiais, de não terem um trabalho a sério, de não fazerem nada na vida, de sobreviverem à custa do patrocínio das marcas, de andarem sempre em férias e a tirar fotografias... and on, and on, and on...
Bem, quando isto quero dizer o seguinte:
Tal como ninguém que marca umas férias de sonho, escolhe um destino sujo e aborrecido... também ninguém vai visitar um blogue com o intuito de ler coisas aborrecidas ou ver imagens feias.
Tal como ninguém vai ao cinema com o propósito de ver um filme deprimente... na mesma lógica... ninguém subscreve um blogue que vive na base da depressão, das energias negativas, ou de relatos de histórias tristes! Como diz uma tia minha: para triste, já basta a vida, carago! (Tia Necas, citada por triângulo perfeito, 2017)
Os bloguistas dão às pessoas, o que elas procuram. E a maior parte das pessoas procura o quê? Algo que as anime, que as entretenha, que traga conhecimentos e novas aprendizagens, acho eu.
Algo que lhes dê informação útil, mesmo que essa informação seja algo simples e corriqueiro como "encontrei um novo método para o meu bebé não atirar coisas dentro da sanita". Acreditem que para nós, mães, todas as informações são valiosas.
As pessoas querem aprender. E querem ser felizes. E se um blogue lhes der isso tudo... então, tudo bem!
Não caiam na ingenuidade de pensar que a vida dos autores dos blogues é linda e simples. Eles também têm os seus problemas, os seus dramas pessoais. Também ficam doentes e também dão puns malcheirosos como o resto de nós
Mas eles dão-se ao trabalho de fazer posts frescos, leves e divertidos, quase todos os dias. Em alguns casos, várias vezes ao dia.
E quando alguém faz do blogue uma profissão, a responsabilidade é muita. Ele vive daquilo. No fim do mês, ele tem que pagar as suas contas com aquele blogue. É um pouco assustador.
Se são patrocinados pelas marcas? Parabéns. É porque o mereceram. É porque as marcas repararam que esses blogues agradam aos leitores e decidiram investir neles.
Se são convidados para ir a sítios giros e a passar férias em bons hotéis? Parece interessante!
Mas... também deve ser cansativo andar de um lado para o outro com filhos (às vezes super pequenos) às costas, cheios de tralha e ainda por cima com a obrigação de se estar giro e limpinho para fazer boa figura nas fotos.
Olhem eu, que sou um bocado desleixada e ultimamente ando super preguiçosa com o meu estilo pessoal! Não sei se gostava de ter que andar sempre "nos trinques" a ter que correr para a cabeleireira dia sim, dia sim para ficar com um ar chique e giro.
E não sei se gostava de ter uma agenda preenchida com sítios pré-definidos para visitar. Gosto tanto da minha liberdade!
Mas há outra coisa: os baby blogues também vivem da realidade. Não contam apenas a parte cor de rosa da vida. Só quem está desatento é que acha isso. Eles também relatam as histórias do dia-a-dia. E, com isso, arrecadam a simpatia da outra parte do público. Aquela parte que não quer saber dos cremes, das estâncias de luxo, nem das roupinhas giras dos bebés. Daquela parte que se quer sentir compreendida na sua alegria e na sua dor. Penso que o grande trunfo de um bom bloguista é saber equilibrar estas duas vertentes: o mundo de sonho e a realidade.
Se eu me estiver a sentir uma mãe imperfeita, cheia de medos e receios, com vontade de atirar pratos pelo ar... e se vir escrito num blogue que há mas alguém com esse mesmo estado de espírito... SIM, eu vou ler o post até ao fim! Sim, eu vou prestar atenção!
Porque a culpa que me invade, a sensação de ser uma PÉSSIMA mãe , poderá ser atenuada se eu souber que algures, mesmo que seja no outro lado do mundo, há uma alma-blogo-gémea que também se sente EXATAMENTE assim.
E é por isso que os autores dos blogues sacrificam muitas vezes a sua privacidade. E nos contam alguns dramas, medos e inseguranças relacionados com a sua vida familiar. Acredito que custe imenso essa sobreexposição (sobretudo, quando se trata de abordar conflitos e dramas), mas tudo faz parte do ato de se escrever (verdadeiramente) um blogue.
Bem...mas eu disse que hoje ia tirar a máscara e ainda não tirei.
A verdade é que também vim aqui para dizer que estou em "modo depressão", esperando um pouco de apoio e empatia virtual da minha querida blogosfera.
Tive um Carnaval DE MERDA, estou cansada, esgotada e a precisar de férias. Sinto que não gozei metade do que devia ter gozado nesta terça feira feriado. E ontem, embora não tenha ido trabalhar, passei grande parte do dia nos hospital com o V. a fazer nebulizações.
Hoje choveu PA CARAÇAS, fez um frio que me ENTRANHOU NOS OSSOS, e eu estou com uma NEURA tão grande que se fosse fumadora já tinham açapado, sem exagero, para aí uns cinco maços de tabaco. O meu marido diz que eu estou com TPM, mas já fui à agenda e confirmei que não - é mesmo neura e exaustão.
Passei o dia todo a ouvir o meu filho chorar, berrar e fazer birras por isto e por aquilo. Só não chorei porque acho que já nem lágrimas tenho (devo ter gasto todas naqueles quatro primeiro meses das cólicas). Mas estou super em baixo, e não estou a brincar quando digo isto.
Penso que o ventilan (que agora colocamos na câmara expansora ) o está a por nervoso. Seguindo as indicações da médica das urgência, aumentamos a frequência dos puffs e do tempo de exposição ao medicamento. Mas a reação está a ser uma loucura. Tudo isto juntamente com dúvidas sobre se o estarei a educar como deve ser, porque as vezes parece-me que estou a criar "um pequeno tirano".
Ando tão triste, tão desiludida com a minha vida e com o pouco tempo que tenho para mim própria que esta semana comentei com uma amiga:
"Sabes, os filhos deviam ser como as TV. Devia haver um comando para a gente os desligar um bocadinho naquelas fases em que estamos mesmo de rastos com o cansaço."
Resposta da L.: Oh, mas isso que tu queres já existe! São os tamagoshi! Queres que eu te compre um?
Não... só queria mesmo descansar. Domir e descansar.
Este foi o post possível. Uma mixórdia de temáticas a fazer juz à minha confusão mental. Parece que esta autora quando tira a máscara é uma pessoa um bocado estranha.
Mas então, e este não é um baby blog? Onde é que estão as imagens fofinhas? As roupinhas da miudagem? As receitas de culinária com ingredientes bonitos mas que ninguém conhece e são super difíceis de arranjar no supermercado? Os relatos das peripécias do pikeno??
Bem pessoal: todas essas coisas estão AQUI, aqui e aqui neste blogue. Ora vão lá espreitar!
Desculpem-me, mas hoje o dia foi de opiniões e confidências. Hoje, foi para isto que me deu. E preparem-se que neste baby blog, às vezes, também se vai falar de coisas sérias. Ou deverei mudar de categoria?