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Há três semanas, dentro da mochila do Vasco, vinha uma folha de papel com uma mensagem escrita pelas educadoras do infantário. Nessa mensagem vinham dois pedidos. Duas tarefas simples relacionadas com o Natal.
Duas provas de amor.
Pedia-se ao pais que tirassem uma selfie com o bebé e que, em seguida, imprimissem a fotografia a preto e branco, no formato 10X15. A ideia era que a foto fosse entregue no infantário para construção de um mural de Natal.
O segundo pedido também era simples, embora já implicasse alguma destreza manual. Tínhamos que construir e embelezar um coração que pudesse mais tarde funcionar como um enfeite para o pinheiro de Natal.
Os dias foram passando e não cumpri nem com uma tarefa nem com outra. A fotografia foi sendo adiada por uma questão de perfeccionismo. A nossa máquina fotográfica canon avariou e "nem pensar em tirar um fotografia com o telemóvel".Eu queria uma foto espetacular. Conclusão: a máquina fotográfica ainda está para arranjar e a nossa selfie com o Vasco... ficou em stand by.
Quanto à construção do coração... bem... o coração foi adiado por falta de vontade mesmo. Odeio tudo o que tenha a ver com trabalhos manuais. Então, na primeira semana fui pesquisar ideias sobre esse tema na internet. Passado duas semanas, fui comprar os materiais para a construção do coração. Depois, reparei que me faltava tesoura e cola. Neste momento tenho uma data de tralha em cima da secretária e ainda não comecei sequer a tarefa. É triste...
Mas pior ainda foi o impacto do meu falhanço pessoal:
Ontem, quando fui levar o Vasco ao infantário deparei-me com a escolinha completamente decorada com enfeites de Natal. Estava linda!
Logo na entrada do infantário, tinha sido construído... um lindo mural de Natal com as fotografias das crianças e suas famílias. Dezenas e dezenas de fotografias. Nenhuma fotografia do Vasco. Suspirei, chateada comigo mesma.
Mais à frente... dois pinheiros de Natal espetaculares, enfeitados com corações vermelhos, verdes, dourados. Corações construídos pelos pais, pelos avós, enfim, pelas famílias das crianças.
E o coração do Vasco? Pois é. O Vasco não teve direito a um coração. A mãe e o pai tiveram sempre "coisas mais importantes para fazer". Esta é que é a verdade. Tivemos tempo, mais que tempo, para nos dedicarmos às duas tarefas, mas colocámos sempre outras coisas à frente disso, inventando pretextos e mais pretextos.
Nós falhámos. E eu não quero falhar mais. Não foi nada de importante. Foi apenas um coração, uma decoração de Natal. Mas eu gostava de ter cumprido com aquela tarefa.
Adoro o meu filho. Todos nós adoramos os nossos filhos. Mas é importante prova-lo.
Os nossos filhos precisam que a gente se importe.
Mesmo quando as tarefas são simples e banais, os nossos filhos precisam de saber que estamos lá. Que podem contar com a gente para as grandes e pequenas coisas. E às vezes é com pequenas coisas que eles percebem o quanto são importantes para nós.
Hoje não me vou deitar sem construir o coração para colocar no pinheiro da escola. Espero ainda ir a tempo... :)
Vou pendurar no pinheirinho o melhor coração que conseguir elaborar. Porque o meu está cheio de amor por ele.
O Vasco ainda é muito pequenino para perceber o valor desta tarefa. Mas eu percebo.
Se um dia, por mero acaso, ele vir a fotografia do pinheiro do ano de 2016, quero que saiba que, desde o princípio, nós estivemos lá.